- Desculpa. Estava pensando em umas coisas – respondi.
- Tipo o que? – perguntou Felipe.
- Nada não – respondi.
- Ola Rafaela, meu nome é Hiruko.
- Eu sei seu nome. Nem tinha perguntado seu nome – falou ela rindo.
- Ha ha ha. Essa doeu até em mim – falou Felipe.
Quando entramos no castelo senti meu mundo desabar todo, havia algo assombroso, palavras não poderiam explicar o que eu estava sentindo lá, mas poderia tudo fruto da minha mente, já que ninguém mais parecia sentir ou eles estavam acostumados com ela.
O castelo parecia abandonado á séculos, tinha teias de aranhas, janelas quebradas, paredes arranhadas e o piso rangendo. Se duvidasse travaram uma guerra por lá.
- Ola Hiruko.
Falou uma voz meiga e doce, parecia forçada demais. Quando virei o rosto para cumprimentar percebi que era Jeany.
- Ola Jea... Jeany certo? – cumprimentei.
- O que está fazendo aqui? – perguntei.
- Eu vim porque sou uma dos cincos. Garoto idiota – respondeu Jeany irritada.
“Nossa, o que houve com aquela doçura toda?” pensei.
- Desculpe. Eu não sabia que os cinco estariam aqui. Pensei que fosse um teste do meu mestre Dante – defendi-me.
- Tanto faz. Você já ganhou seu servidor? – perguntou ela.
- Hã? Todos ganham um?!
- Sim. Mas tu ganhou ou não?
- Sim ganhei. Ele é um servidor demoníaco – respondi orgulhoso – gostaria de vê-lo?
- Não deve ser mais feio que você – respondeu ela grossamente – você deve ser o noob que minha mestra falou, que o mestre fez o servidor para você.
- Meu mestre fez Ranisra para mim, mas não me avisou que teria de fazer um – defendi-me novamente – e não estou aqui para ser ofendido.
Sai no mesmo instante que falei isso. “O que essa garota tem na cabeça? Chama as pessoas e começa a ofender as pessoas”.
- Ei Hiruko. Onde você estava? – perguntou Felipe.
- Conversando com a Jeany.
- Me traindo é? – Perguntou ele rindo.
- Não né?
- Estamos namorando? – Perguntou ele.
- Não. Você entendeu o que eu estava dizendo – respondi.
- Ok. Vamos a reunião já vai começar, o pessoal ta te esperando – falou Felipe.
Pensei que a sala de reunião fosse um pouco longe, mas me surpreendi ao saber que era ali no lado. Todos estavam sentados em volta de um círculo, só havia um espelho no chão.
- Eles estão fazendo o que? – sussurei no ouvido de Felipe.
- Sei lá – respondeu ele dando de ombros.
“Ajudou muito” pensei. Não sabia o que fazer, todos estavam encapuzados e não dava para saber o que estavam fazendo. Aquilo era angustiante.
- Desculpe interromper, mas é que... eu vim aqui para fazer meu segundo teste – falei.
- E por que não avisou antes? – perguntou um que estava com um manto Ocre.
- É que eu não queria atrapalhar – respondi.
- Nós estávamos entediados sem o que fazer. Mas agora temos algo bem divertido para fazer – comentou um de manto branco.
- E o que seria? – perguntei.
- Acalme-se você logo saberá – falou o mago de manto ocre mordendo os lábios.
Quando o vi morder os lábios pude perceber que era uma mulher, seus lábios eram bem vermelhos, não consegui ver mais do que isso.
“Jeysbel? Será que é ela” pensei, pois sua fisionomia era parecida com a maga Ocre.
- O que eu vou fazer agora? – perguntei.
- Como você é ansioso Hiruko. Isso é um problema – quem falou foi o mago de manto branco.
- Hã?! Sério? – Perguntei.
- Sim você é ansioso. Tem de controlar isso ou você poderá se sentir muito mais frustado quando algo der errado – falou o mago de branco.
- Ok. Posso perguntar uma coisa? – perguntei.
- Pergunte – respondeu o mago de banco.
- Vocês são da EM8125? – perguntei – Quer dizer...aqueles cinco tutores dos cinco melhores alunos?
- Sim e não – respondeu um mago com manto de prata.
- Como assim? – perguntei.
- Digamos que a EM8125 é apenas um pequeno teste iniciático para algo muito maior – falou o mago de prata.
- Como assim? – perguntei confuso.
- Quando você entra em um ordem geralmente te dão uma certa quantidade de livros para ler aprender, para entrar lá com o básico – respondeu o mago de prata.
- A EM8125 é só um cubo de gelo que você estudou para depois poder conhecer o grande Iceberg – falou a maga Ocre.
- Nossa, incrível – falei entusiasmado.
- Não fique feliz você ainda nem foi admitido. Só foi apresentado ao Iceberg, não tem ainda a oportunidade de explorá-lo – falou o mago de branco.
- Espero passar no teste – falei – quando começa meu teste?
- Agora – falou a maga de rosa.
Todos começaram a pronunciar ao mesmo tempo uma língua estranha. Começaram a vir em minha direção, o clima começou a pesar, senti como se estivesse em um mar de mercúrio, era praticamente impossível me mexer.
Desta vez não era medo havia algo realmente, é como se a energia que eu sentia lá tivesse despertado e via em minha direção.
Quando dei por conta estava na frente do espelho caído, teria quebrado se não estivesse arrastando meus pés.
- Seu teste se inicia agora Hiruko – falou Rafaela tirando seu manto.
Rafaela nem termina de falar e desfere um golpe com um machado. “Mas que merda vão me sacrificar” pensei enquanto caia ferido sobre o espelho.
Crac... Foi a única coisa que escutei, quando abri os olhos pude ver os cacos do espelho rasgar-me completamente. Cada caco do espelho parecia separar meu corpo, mas os cacos não rasgavam unicamente meu corpo, rasgavam o tecido dimensional.
- E-e- eu morri? – Perguntei.
- Não meu neko – respondeu Felipe.
- Onde eu to cara? – Perguntei.
- Ainda estamos no astral, não sei dizer que dimensão é essa, mas foi bem difícil te encontrar.– falou Felipe – Mas não interessa o quão distante você esteja sempre vou te encontrar porque meu amor supera todas as barreiras dimensionais, físicas e temporais.
- Hã?.. Ta... – Falei meio sem jeito.
- Meu corpo ta doendo todo. Que parada louca foi aquela? – perguntei.
- Ah, aquele foi um lance dimensional sinistro, você não conseguiria vir para cá sozinho, precisou de um empurrão – explicou Felipe.
- E por que você conseguiu? – perguntei.
- Eu sou foda em viagens atrais amor, afinal eu sou um xamã – respondeu Felipe.
- Ta se achando demais – falei rindo.
O lugar era lindo com lindas colinas verdes e um céu nublado incrível.
- E sobre o problema das dores no seu corpo, eu posso resolver isso para meu Neko – falou Felipe com malicia estampada em seu rosto.
- Nem vem cara, não vai tocar em mim – falei – não te amo nem nada.
- Hum. Você corta todo clima sempre – falou Felipe.
De repente ouvimos uma explosão, e outra e mais outra. Olhei no horizonte era a Maga ocre em volta pelas chamas de destruição, parecia que ela estava provocando a destruição.
- Este é o seu segundo teste Hiruko, tente sobreviver até o por do Sol. Talvez por umas 4 horas – gritou a maga ocre.
- Droga estes testes são só de assassinatos? – Perguntei apavorado.
- Isso ae Hiruko – falou Felipe – vem comigo, eu vou tentar te proteger.
- Não é melhor chamar Ranisra? – Perguntei.
- Não vai adiantar muito – falou Felipe.
Felipe pegou um selo em seu bolso enquanto corria.
- O que você vai fazer cara? – Perguntei.
- Você já vai ver – falou Felipe.
- Anis venha, sou teu dono venha meu servo – gritou Felipe.
O selo começou a se expandir e dele saiu um lobo negro, com um grande porte uns 2 metros de altura, tinha um jeito sombrio e sereno.
- Vamos lutar? – Perguntei.
- Não sou tão louco. E não tenho poder para enfrentar mais de um mago , ainda mais daquele poder – falou Felipe preocupado.
- Então por que trouxe seu animal totem? – Perguntei.
- Para fugir, e ele não é um animal totem é um servidor alimentado com energia do meu animal guardião – respondeu Felipe.
- Agora sobe antes que eles nos alcancem – falou Felipe.
- Eu vou ter de me agarrar em você? – perguntei meio indignado.
- Olha é o único jeito se quiser eu te deixo e você morre ai Hiruko. Você que sabe – disse Felipe friamente.
- Ok. Eu subo cara – falei.
“Por que ele ficou tão frio de repente comigo? Será que ele está nervoso por causa dos outros magos?” Pensava. Estava mais nervoso que aquela vez que o Felipe me atacou, além de ser vários adversários, eles eram muito mais poderosos.
- Hiruko sabe que não conseguiremos fugir por 4 horas? – perguntou Felipe -você tem de estar preparado para qualquer coisa que acontecer.
- Tudo bem, já estou com alguns pantaculos, selos e um punhal a mão – falei.
Ficamos muitos minutos andando e paramos para tentar montar uma estratégia defensiva, para não sermos pegos em alguma armadilha criada por eles, mas também poderia ser arriscado já que todos poderiam ir para lá ao mesmo tempo.
Arrumamos os utensílios que poderíamos usar. Ficamos em silencio por um tempo, não sei se Felipe estava nervoso, mas eu estava e com medo também.
- Posso te beijar mais uma vez Hiruko, para ver se você gosta mesmo? – Perguntou Felipe com uma expressão de cão sem dono.
Fiquei somente em silencio sem saber o que responder, comecei a olhar a minha volta. O céu era lindo, com nuvens com um azul magnífico, a grama verde vivo e uma arvore linda com folhas vermelhas e amarelas.
- Então? Qual sua resposta Hiruko? – Perguntou Felipe ansioso.
- Sei lá cara... – falei duvidoso.
Não pude nem pensar direito e Felipe começou a me beijar segurando uma de minhas mãos para que eu não pudesse empurrar ele. Ficamos assim até que eu comecei a me entregar aquilo e comecei a beijar Felipe que já não precisava mais segurar minha mão.
Quando comecei a mexer minha mão, ele se estremeceu todo talvez pensou que eu ia empurrar ele, e se afastou de mim antes que eu fizesse algo.
- Por que você se afastou Felipe? – Perguntei.
- Pensei que você fosse ficar bravo comigo ou coisas do gênero – falou desviando o olhar.
- Eu te amo Hiruko – falou Felipe fazendo cara de cão sem dono – me desculpa?
- Não. Eu não te desculpo – falei.
- Porque? – Perguntou Felipe – você esta tão bravo comigo assim?
Calei Felipe beijando ele novamente, foi um beijo muito longo.
- O que foi isso Hiruko? – Perguntou Felipe surpreso.
- Você queria me beijar pra ver se eu gosto não é? – Perguntei.
- Pensei que não gostasse de mim cara – falou Felipe – então...
- Então o que? – Perguntei.
- Nada – falou Felipe me beijando.
Ficamos nos beijando não sei por quanto tempo, só sei que perdi totalmente a noção de tempo e perigo. Foi quando eu me lembrei desesperadamente do teste e dos outros magos.
- Ficamos muito tempo fazendo isso cara e os magos? – perguntei desesperado e arfando.
- Calma eu te protejo amor – falou Felipe confiante – ninguém vai tocar no meu Neko
- A propósito Hiruko já somos namorados ou ficantes? – Perguntou Felipe.
- Er.. sei lá. Acho que ficantes – falei envergonhado.
- Ótimo! Você está certo, ainda não me ama , mas com o tempo irá me amar – falou Felipe confiante.
- Owuun que fofo – falou um Jeany.
Jeany com uma roupa de pastoreira toda vermelha, com um fita verme musgo e uma rosa no meio e duas grandes semi tranças.
Ela traça um selo em um papel e o atira contra a terra fazendo surgir um golem com asas de anjo.
- Ritor mate-os – gritou Jeany.
- Anis apareça – gritou furiosamente Felipe.
- Eu posso cuidar de vocês sozinha – gritou Jeany.
- É o que vamos ver – gritei.
- Wuid – gritou Felipe me empurrando com um selo.
Do selo surgiu um lobo branco, um pouco mais alto que o normal. Wuid começou a me carregar para o lado oposto da batalha.
- Ei o que pensa que está fazendo Felipe? Eu vou lutar ao seu lado – gritei.
- Não quero que meu amor se machuque – falou Felipe sorrindo.
- Promete que vai voltar?
- Vou tentar – disse Felipe como se não tivesse esperanças de vencer.
- Eu te amo – gritei.
Deu para ver o sorriso de Felipe e sua alegria ao ouvir aquelas. Nem eu sei por que eu tinha dito aquilo, “eu gostava dele ou queria dar uma motivação para ele voltar?” Me perguntava.
Mesmo estando bem longe de Felipe dava para ouvir seus gritos e do de Jeany misturados, não sei dizer se estava empatado ou alguém tinha avantagem.
- Wuid volte você tem de ajudar Felipe, ele é seu mestre – falei.
- Ele me ordenou te proteger – retrucou Wuid – só recebo ordens de meu mestre.
- Não precisa me proteger. Eu tenho Ranisra caso precise – falei confiante.
Peguei um papel de pergaminho e usei meu sangue para fazer o selo de Ranisra. Me surpreendi ao ver que Ranisra estava um pouco diferente, estava mais forte.
- O que houve com você Ranisra? – Perguntei.
- Eu sou um servidor agora YeeeeeeeeeeeeP – comemorou Ranisra.
- Mas como isso aconteceu? – Perguntei espantado.
- Na batalha contra o Felipe todo aquele clima, você indiretamente direcionou toda aquela energia para mim – explicou Ranisra.
- Interessante. Seria porque você é um servidor demoníaco certo? Então pode se alimentar de emoções negativas – conclui.
- Não é bem assim, servidores do caos podem se alimentar de diferentes tipos de sentimentos e pensamentos. Depende só do motivo da criação – explicou Ranisra.
- Ola Hiruko-san.
Estremeci todo ao ouvir está voz tão perto e seu hálito tocando meu pescoço. A voz era semelhante a de Rafaela. Quando olhei para traz vi ela pegar uma carta de Taror e gritou:
- Dagon destrua estes lixos.
Eis que apareceu o monstro marinho Dagon para destruir os servidores, mas Wuid cresce na mesma proporção que Dagon e ambos começam a travar um batalha feroz.
- Ahhhhhhhhh – gritei.Comecei a cambalear, sentindo uma dor imensa em minhas costas. Olho para traz e vejo Rafaela com um machado todo ensangüentado, e ela com um olhar sádico e risonho, como se sentisse prazer em me ver sofrer e um mago com um capuz negro do seu lado.
- Te matarei Hiruko – falou Rafaela.
- Antes eu quero brincar com ele – falou o mago de negro sorrindo.
- Mas que merda vocês estão falando? – Perguntei apavorado.
- Eu irei te iniciar possuindo você, não precisa ficar tenso só vai doer por um tempo eu acho – falou ele se rindo e vindo em minha direção.
- Depois você estará dentro da Ordem. Acalme-se todos passamos por algo assustador para nós para que pudéssemos passar – falou Rafaela me fitando com seu olhar sádico.
- Não você não vai me possuir. Eu não quero ser possuído por você. Eu amo o Felipe –gritei chorando.
- Mentira você mentiu para ele e para você, não o ama – falou Rafaela- você apenas viu proteção nele, então tentou se juntar a ele.
- Você é fraco e eu irei te comer – falou o mago negro sorrindo.
Tentei correr, mas incrivelmente Rafaela me alcançou e cortou minhas pernas, impedindo minha movimentação. Então o mago negro começou a subir minhas costas e abaixar minhas calças, quando fui reagir Rafaela corta os tendões de meus braços.
- Pa-ra por favor – falei chorando desesperadamente.
Comecei a me lembrar de Felipe quando ele também havia tentado me estuprar, mas ele não era tão violento assim. Me lembrei dos nossos beijos, dos nosso momentos felizes. “ Como posso amar alguém em tão pouco tempo?” me perguntava.
- Eu te amo Felipe – falei chorando.
- O que você ta falando?– perguntou Rafaela.
- Eu te amo Felipe – gritei.
Foi quando vi o punhal perto, novamente tirei forças não sei de onde e peguei o punhal.
- Cuidado! – gritou Rafaela se afastando.
Então cravei a faca em minha garganta. Chorando e repetindo “ Eu te amo” até minha voz sumir.
Muito bom.
ResponderExcluirA garota de cabelos rosas parece mais velha nessa foto.
Obrigado Lalmy.
ResponderExcluirÉ outra garota, eu não encontrei uma foto da garota de cabelo rosas do outro conto com um machado. Dai coloquei essa. E ela me da mais medo XD
Ficou ótimo o conto.
ResponderExcluirA cada parte o conto fica melhor! Realmente espetacular!
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